As
desigualdades sociais não são um fenômeno da contemporaneidade. Desde os dias
em que os primeiros humanos começaram a subjugar despoticamente os seus
semelhantes, elas foram estabelecidas na sociedade. As riquezas naturais e materiais
à disposição de toda a humanidade passaram a ser estratificadas, e uns poucos
se tornaram proprietários de muito, e muitos foram feitos possuidores de quase
nada.
Nos dias de
Jesus de Nazaré, o Cristo, por exemplo, a miséria social existia em tamanha
proporção que, afirma a Escritura Sagrada em várias passagens nos evangelhos,
Ele, movido de grande compaixão, socorria multidões em suas necessidades. Jesus
curou pessoas de enfermidades físicas, doenças emocionais, prisões espirituais;
saciou a fome de milhares de pessoas, e realizou centenas de outros milagres
que, por razões óbvias, não puderam ser registrados ali, a seu respeito. Jesus
se compadecia dos necessitados.
Ora, se nós
observarmos, a partir dos fatos narrados nos Evangelhos, o posicionamento
daquele que “veio para servir, e não para ser servido” diante da miserabilidade
social de sua época, sem, contudo, atentarmos para a razão essencial dessas
suas “obras sociais”, é possível supor, sem rodeios, que Ele, o “Pastor das
ovelhas”, era, enquanto entre nós, um socialista* nato. Afinal, nos diz a
Escritura neotestamentária que Ele, o Salvador, fazia o bem, inclusive até no
sábado (uma contrariedade à Lei sabática, para as autoridades da sua época).
Pensando
assim, muitos se enveredam por uma visão
equivocada (ou propositadamente distorcida por interesses pessoais) do
Cristianismo, quanto ao atendimento das necessidades humanas. Inclusive, e
com certa expressividade há algumas décadas, várias lideranças cristãs e muitos
dos que se declaram cristãos têm seguido por essa vereda. Comungando com
bandeiras ideológicas fundadas na cosmovisão marxista (socialismo científico,
socialismo real, comunismo), e outras mais que conservam semelhanças, eles têm (re)interpretado
a expressão “amar o próximo com a si mesmo” como sendo o princípio fundamental
divino da missão principal da Igreja Cristã na Terra! O “Ide por todo o mundo,
pregai o evangelho a toda criatura...” “...para arrependimento e remissão de
pecados” passou a ser uma missão secundária, eventual e menos necessária. Procuram
dar uma roupagem de cristandade a um modo pseudo-cristão de transformação social.
Tomam parte numa luta em favor da redução de desigualdades sociais que não
encontra precedentes nas doutrinas centrais da Fé cristã. Estatutos e
Regimentos de segmentos socialistas/comunistas tradicionais ou contemporâneos
tem sido o amparo legal para regular os seus afazeres, inclusive até para a (re)interpretação
da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus, no afã de darem à “justiça social” o status
de “justiça divina”.
Mas é preciso
corrigir tal equívoco! É preciso levar luz à consciência daqueles que hesitam
na cautela! Até mesmo à daqueles que são levados por todo vento de doutrina! É
preciso exortar as ovelhas que se encontram no redil, para que estas não se
iludam com essas ideologias do Hades! Jesus não era socialista! Jesus não realizava "obras sociais"! A justiça a que Jesus sempre se referia não era a justiça social, não era a justiça dos homens! Jesus não veio para atender às necessidades humanas, essencialmente! Não veio para reduzir as desigualdades sociais, menos ainda para, "através da
distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, diminuir a distância
entre ricos e pobres". E o Cristianismo? Ora, o Cristianismo não é monárquico! Não é
republicano! Não é parlamentarista nem presidencialista! Não é anarquista, nem
democrático, muito menos totalitarista! Não é capitalista; menos ainda socialista
ou comunista!!! O Cristianismo não pode ser nenhuma dessas doutrinas, pois ele
não se constitui de nenhuma das formas, sistemas ou regimes de governo humanos!
Ele não é um modo estatal de governar uma sociedade, um povo, um grupo étnico
ou uma pessoa. O
Cristianismo, com dito sobre Jesus, também não “se caracteriza pela ideia de
transformação da sociedade através da distribuição
equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo a distância entre
ricos e pobres”. Não! O Cristianismo é essencialmente um modo de viver em Novidade de Vida, e este, segundo os parâmetros e princípios estabelecidos por quem lhe deu origem, Jesus Cristo! Nele
(em Cristo) virtude tem “o ser uma nova
criatura” (Gálatas 6.15). Cristianismo é um modo de viver que está acima de
quaisquer das maneiras humanas de organização das pessoas em sociedade, ou de
distribuição de riquezas e propriedades.
Assim, no
Cristianismo a justiça social (ou o combate às desigualdades sociais) não é a
razão da existência humana – o homem existe para servir a Deus e ao seu eterno
propósito –, muito menos a mensagem principal das boas novas – somente a Justificação
pela Fé em Cristo o é, por meio do reconhecimento da condição de pecador não
redimido e do consequente arrependimento dos pecados. Cristianismo é viver em Novidade de Vida; uma vida nova estritamente conforme
os valores, as regras, os princípios daquele que o apresentou à humanidade,
Jesus Cristo! Por esta razão, essencialmente ou se é SOCIALISTA ou se é
CRISTÃO! É antagônico guardar essas duas convicções em um só coração!
Por Sócrates
de Souza.
PENSE NISTO!
*Em seu conceito mais remoto, Socialismo é “uma doutrina política e econômica que
surgiu no final do século XVIII e se caracteriza pela ideia de transformação da
sociedade através da distribuição
equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo a distância entre ricos
e pobres.” “Noël Babeuf foi o primeiro pensador que apresentou propostas
socialistas sem fundamentação teológica e utópica como alternativa política.
(...) Karl Marx, um dos principais filósofos do movimento, afirmava que o
socialismo seria alcançado a partir de uma reforma social, com luta de classes
e revolução do proletariado, pois no sistema socialista não deveria haver
classes sociais nem propriedade privada. (...) Na teoria marxista, o socialismo
representava a fase intermediária entre o fim do capitalismo e a implantação do
comunismo.” (http://www.significados.com.br/socialismo/).